O método START como ferramenta de triagem dentro da água para situações de desastres
Aprenda em um afogamento real – Uma família se afogando em Nantucket, Massachusetts, EUA
Edição e comentários: Dr David Szpilman – Diretor Médico da Sobrasa
Solicitação: CB Rafael de Barros Oliveira – CBMSC
Vídeo enviado por: Dra Lucia Eneida – Chefe de Departamento Sobrasa – Paraná
Um dos maiores desafios de um socorrista, é a tomada de decisão, onde sua capacidade pessoal ou de sua equipe, é superada pela ocorrência.
O método START foi criado para ser utilizado em situações de desastre, onde priorizar quem tem a maior chance de se beneficiar com a primeira assistência do socorrista, é uma necessidade.
Os desastres no meio aquático são emergências que requerem uma rápida escolha, já que segundos contam para evitar o afogamento, e triar corretamente os casos de maior benefício é essencial ao sucesso do resgate.
Este tipo de ocorrência pode ser encontrado em um naufrágio, na queda de uma aeronave dentro da água ou mais frequentemente nas praias, onde múltiplas vítimas se afogam juntas.
Nestes casos, o guarda-vidas, em situação de estresse físico e emocional, por vezes sozinho ou por chegar à frente de outros, deverá fazer a triagem de quem resgatar primeiro – “a escolha de Sofia”.
Dentro da água, ou mesmo em seu entorno imediato, usamos o START AQUÁTICO para priorizar quem deverá ser resgatado primeiro.
A vítima VERDE é aquela que ainda não está se afogando, mas em comportamento de risco. O guarda-vidas deve ser capaz de antecipar e reconhecer antes mesmo da própria vítima, e assim orienta-la a sair da situação de risco antes que seja uma ocorrência real. Isto é uma ação de prevenção REATIVA. Esta vítimas, por não reconhecerem o risco ao qual estão expostas, dificultam a aceitar as vezes, a orientação do guarda-vidas.
No caso da falha na prevenção, a vítima percebe estar em apuros, torna-se uma VÍTIMA AMARELA, e tenta encontrar alguma ferramenta (competência) que possa lhe ajudar a sair dessa situação. Esta vítima AMARELA ainda consegue seguir orientações de outros, move-se dentro da água com dificuldade e pode afundar em 1 a 5 minutos. Usualmente estará em resgate ou grau 1.
Caso a vítima AMARELA não consiga sair da situação, ela sente a ameaça próxima da morte, se desespera e torna-se uma vítima VERMELHA. Vítima que está em posição vertical na água e total falta de deslocamento. Perde totalmente sua capacidade lógica e representa risco ao socorrista, pois irá tentar agarra-lo para se salvar. A vítima VERMELHA pode afundar em menos de 1 minuto e representa a maior urgência de socorro. Pode ser classificada em área seca como resgate a grau 4.
A abordagem em primeiros socorros das vítimas VERDE, AMARELA ou VERMELHA será feito somente em área seca, após classificação do grau de afogamento.
A falta de resgate da vítima VERMELHA, leva a mais aspirações de água e a queda rápida do oxigênio no sangue, provocando a perda da consciência e a parada respiratória que em segundos a no máximo 2 minutos leva a parada do coração. Essa é uma vítima PRETA. Uma vítima grau 5 ou 6, reconhecida por sua total imobilidade na água. Sua abordagem deve ser, quando possível, a ventilação ainda dentro da água. Sua possibilidade de recuperação após resgate varia de 7 a 56%, portanto a de menor chances de ser ajudada, sendo a última a ser socorrida no caso de múltiplas vítimas.
Resumidamente, temos 4 vítimas:
Prioridade no 1- VERMELHA – não se desloca, está prestes a submersão e representa o maior risco ao socorrista durante socorro.
Prioridade no 2 – AMARELA – tem algum deslocamento, acata orientações, mas ainda representam risco ao socorrista durante socorro.
Prioridade no 3 – VERDE – em situação de risco sem perceber, devem ser orientadas.
Prioridade no 4 – PRETA – estão imóveis dentro da água. Podem ser grau 5 ou 6 e devem receber um máximo de 10 ventilações ainda dentro da água quando for possível ao socorrista.
Todas as vítimas de incidentes aquáticos podem passar por todos os 4 estágios das cores de VERDE a PRETA caso não haja interrupção do processo.
A classificação da gravidade das vítimas de afogamento, divide-se em resgate, graus 1 a 6 e já cadáver, baseando-se na avaliação de alguns sinais clínicos como a presença de tosse, espuma em boca e nariz, ausência de respiração ou a parada cárdio-respiratória. Esta classificação é feita em área seca onde a avaliação destes sinais poderão ser melhor avaliados.
Este trabalho foi apresentado na Conferência Mundial de Prevenção em Afogamentos na Malásia, em 2015.