Disney Suspende Sopa de barbatana de tubarão do Cardápio 
 
Em função das notícias de que a Disneylândia de Hong Kong serviria Sopa de Barbatana de Tubarão em seu parque temático, enviamos uma NOTA DE REPÚDIO (veja ao final) e fizemos alguns contatos internacionais para não só confirmar essas notícias como também para nos fundamentarmos melhor em uma possível ação de protesto.
 
Recebemos dezenas de e-mails de pessoas interessadas em apoiar nossa iniciativa e dispostas a participar desse repúdio. Em respeito a todas essas pessoas, resolvemos participá-las da feliz notícia de que a Disney decidiu rever sua posição.
 
Através da Dra. Shelley Clarke, do Institute for Marine and Atmospheric Research, University of Hawaii e do National Research Institute of Far Seas Fisheries, que hoje mora no Japão e é uma grande especialista no comércio mundial de barbatanas de tubarão, fizemos contato com o Dr. Eric Bohm, CEO do WWF de Hong Kong, que nos relatou o seguinte: " O WWF já discutiu essa questão com a Disney de Hong Kong e dos EUA e a Disney concordou em suspender a sopa de barbatana de tubarão do menu até que eles consigam encontrar um fornecedor certificado cuja barbatana venha da capturada sustentável. O WWF irá também rever todo o cardápio da Disney de Hong Kong".
 
Ainda que não seja o ideal, acreditamos que essa atitude da Disney possa contribuir para a conscientização do povo chinês, mostrando-lhes o que realmente está por trás do comércio de barbatanas de tubarões e que o resto mundo não concorda com essa atrocidade motivada por mais uma crendice popular.
 
Projeto Tubarões no Brasil
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NOTA DE REPÚDIO enviada em 25/05/2005
Sopa de barbatana de tubarão na Disney
 
Por Marcelo Szpilman*
 
Em função das recentes notícias de que Disneylândia de Hong Kong servirá Sopa de Barbatana de Tubarão em seu parque temático, precisamos, todos nós, repudiar mais esse absurdo contra a Natureza.
O parque temático, que começará a funcionar no dia 12 de setembro desse ano, oferecerá o prato Sopa de Barbatana de Tubarões em datas especiais. A Disney alega que a sopa de barbatana de tubarão é parte da alta gastronomia e da tradição dos chineses e se defende dizendo que os melhores restaurantes de Hong Kong oferecem o prato em seu menu a preços exorbitantes, como uma comida sofisticada. “A Disneylândia de Hong Kong leva muito a sério seu papel de promotor do meio ambiente, mas somos igualmente sensíveis à cultura local”, disse à imprensa a porta-voz do parque, Esther Wong.
Atualmente, os tubarões são mortos exclusivamente para obtenção de suas nadadeiras ou barbatanas. Navios de pesca japoneses e chineses costumam ser flagrados praticando uma das mais absurdas, cruéis e perturbadoras perseguições realizadas pelo ser humano: a pesca para a retirada de barbatanas, finning em inglês. Eles capturam o tubarão, cortam fora suas nadadeiras e atiram a carcaça de volta ao mar. Muitas vezes vivo e mortalmente aleijado, o tubarão afunda para morrer sangrando, comido por outros peixes ou para apodrecer no leito do mar.
Mesmo que essas nadadeiras fossem diretamente para o prato de crianças famintas, seria um total despropósito. Mas não é exatamente para isso que são ceifadas. As nadadeiras, que passaram a ser o objetivo principal e único desse tipo de pesca, atendem a um ávido e lucrativo mercado. A indústria pesqueira obtém em torno de US$ 50.00 por quilo de nadadeira seca, contra US$ 1.00 por quilo da carne de tubarão. Nos mercados asiáticos, onde o quilo pode atingir US$ 120.00, a nadadeira é usada no preparo da “sopa de barbatana de tubarão”, uma iguaria gelatinosa que é vendida nos restaurantes finos de Hong Kong por até US$ 150.00 o prato, tido como afrodisíaco.
Ao longo de sua história, que remonta a 150 milhões de anos e inclui a sobrevivência às causas que provocaram o fim da era dos dinossauros, os tubarões nunca enfrentaram tamanha ameaça à sua existência como a que vem ocorrendo nos últimos 15 anos.
A prática do “finning” é proibida em muitos países, incluíndo o Brasil, mas mesmo assim 120 países participam ilegalmente desse lucrativo mercado (incluíndo o Brasil). Cerca de 100 a 150 milhões de tubarões são mortos anualmente em todos os oceanos, sendo boa parte para obtenção das nadadeiras.
Infelizmente, o esgotamento dos estoques naturais de muitos tubarões já é uma realidade bem perceptível. Nas duas últimas décadas, as populações de algumas espécies pescadas em todos os oceanos já foram reduzidas em até 89%, beirando o colapso.
A ameaça à sobrevivência dos tubarões, representada pela pesca comercial predatória, é progressiva, constante e silenciosa. Se nada for feito, algumas espécies poderão ser consideradas extintas antes de terminarmos a primeira década do novo milênio. No Brasil já temos 40% das espécies nas listas de espécies ameaçadas de extinção. Deixar de ver os tubarões como feras assassinas e ter a consciência de que eles exercem um papel crucial na manutenção da saúde do ecossistema marinho e do equilíbrio da vida nos oceanos é o primeiro passo para a mudança de atitude.
Pensando assim, nos surpreende como uma empresa internacional com enorme visibilidade como a Disney, que se diz preocupada com o meio ambiente, prefere incentivar o consumo de uma iguaria cuja captura é absolutamente insustentável a ter que contrariar a cultura local.
 
*Marcelo Szpilman, Biólogo Marinho formado pela UFRJ, com Pós-Graduação Executiva em Meio Ambiente (MBE) pela COPPE/UFRJ, é autor do livro GUIA AQUALUNG DE PEIXES, editado em 1991, de sua versão ampliada em inglês AQUALUNG GUIDE TO FISHES, editado em 1992, do livro SERES MARINHOS, editado em 1998/99, do livro PEIXES MARINHOS DO BRASIL, editado em 2000/01, do livro TUBARÕES NO BRASIL, editado em 2004, e de várias matérias e artigos sobre a natureza, ecologia, evolução e fauna marinha publicados nos últimos anos em diversas revistas e jornais e no Informativo do Instituto. Atualmente, Marcelo Szpilman é diretor do Instituto Ecológico Aqualung, Editor e Redator do Informativo do citado Instituto, diretor do Projeto Tubarões no Brasil (PROTUBA) e membro da Comissão Científica Nacional (COCIEN) da Confederação Brasileira de Pesca e Desportos Subaquáticos (CBPDS).