DOENÇAS PROVOCADAS POR SERES MARINHOS

Por David Szpilman

TUBARÕES
Tubarões, ou cações é, seguramente, os seres marinhos mais temidos e respeitados em todo o mundo. No entanto, sua real periculosidade, em especial no litoral brasileiro, não é tão grande e certa como muitos acreditam. Apesar dos freqüentes ataques que vêm ocorrendo nos últimos anos em nosso litoral Norte e Nordeste, os tubarões não são "feras assassinas" como se imagina.
Em todo o mundo são conhecidas cerca de 380 espécies (oitenta no Brasil) de 0,15 a 18 metros. Quase todos são carnívoros e habitam as águas costeiras e oceânicas. Apenas 32 espécies já provocaram acidentes e destas somente quinze, no litoral brasileiro, são perigosas e realmente podem atacar de forma não provocada surfistas e banhistas. Devido à sua voracidade, algumas espécies atuam como "lixeiros do mar" ao comerem animais feridos ou mortos. Entretanto, tem preferências alimentares por peixes, crustáceos, lulas, polvos, tartarugas, raias e outros cações. Incluem-se aí, os tubarões considerados "Terror dos Mares" e "Comedor de Homens".
Comportamento de Ataque - Na maior parte, os tubarões agressores não são vistos pela vítima antes do ataque. Em outros, porém, ocorre um comportamento agressivo anterior ao ataque. Normalmente, o tubarão costuma nadar para frente e para trás antes de dar uma rápida passada ou fazer uma investida à vítima embora o ataque de um tubarão é bastante difícil de se prever. A maioria dos ataques de tubarão acontece sem nenhuma provocação (86%).
O Ataque de Tubarão - Em nossa costa, o ataque de tubarão não é muito comum. Todavia, não pode ser descartado. Devido a circunstâncias especiais (ex: fome), o medo pode ser vencido e o ataque a um banhista pode acontecer. Desde 1955, foram registrados 60 ataques com 12 mortes no litoral brasileiro. No mundo, ocorre cerca de cem ataques registrados por ano, com quinze a vinte fatalidades. As estatísticas mostram que os ataques costumam ocorrer em águas com mais de dois metros de profundidade, e envolvem tubarões com cerca de 2 a 8 metros de comprimento. As áreas consideradas mais perigosas, são a África do Sul, a Austrália e os Estados Unidos. Embora os acidentes por tubarões ocorram mais freqüentemente em águas com temperatura igual ou maior que 21oC, no mês de janeiro, e entre 14 e 18 horas, pode ocorrer a qualquer hora.
Como evitar o ataque?
Existem numerosas técnicas para prevenir o ataque, porém nenhuma é 100% efetiva.
# Nade, surfe ou mergulhe sempre que possível acompanhado. Muitas vezes a vítima morre por falta de socorro imediato.
# Não entre ou permaneça na água com sangramento. 
# Evite águas turvas ou escuras (a vantagem sensorial está toda a favor do tubarão), em canais ou em bocas de baía.
# Evite os períodos do amanhecer e do crepúsculo e à noite, quando os tubarões estão mais ativos e dispostos a se alimentar.
# O lixo é uma grande fonte de atração para o tubarão. Evite nadar em estuários ou baías onde há descarregamento de lixo ou vazadores de esgoto.
# Evite as áreas utilizadas pela pesca comercial ou artesanal, especialmente se houver sinais de iscas na água ou atividade de alimentação. As aves marinhas são um bom indicador destas situações.
# Ao contrário do que se propaga, a presença de golfinhos e botos em uma área não indica a ausência de tubarões. Ambos, freqüentemente, capturam as mesmas presas.
# Evite objetos brilhantes que simulem o brilho das escamas dos peixes, e roupas muito coloridas ou com grandes contrastes.
# Mantenha os cachorros e animais domésticos, com seus movimentos de natação erráticos (grande fonte de atração), fora da água.
# Nunca agarre, monte ou se pendure em um tubarão. Sua pele áspera, coberta com dentículos dérmicos, é capaz de provocar graves feridas na pele humana.
# Se você observar um cardume de peixes se comportando de forma estranha ou se agrupando e se compactando, deixe a área imediatamente, pois eles podem já ter "sentido" a iminente presença de um tubarão.
# Se avistar um tubarão, procure deslocar-se para a praia com movimentos lentos e coordenados, sem dar-lhe as costas e nem o perder de vista.    Mantenha o "sangue frio" e não entre em pânico. Possivelmente ele irá apenas reconhecer a área, dando algumas voltas, e depois irá embora.
Se não for possível sair da água, mova-se para um terreno defensivo, como um recife de coral ou uma grande pedra, e encare o tubarão.
# Havendo a investida do tubarão, deve-se tentar atingi-lo com algum objeto, no focinho, olhos ou fendas branquiais. Ao contrário do que se pensa, o homem não é uma presa fácil para o tubarão.

Toda vítima atingida deve ser removida da água o mais rápido possível para evitar, novos ataques, o afogamento e para controlar possíveis sangramentos, prevenindo o choque que é resultante da enorme perda de sangue. Para reduzir a hemorragia faça a compressão manual diretamente sobre a ferida em sangramento. 


FERIDAS POR MORÉIA, BARRACUDA, e OUTROS MORDEDORES
Dor local e sangramento.
Tratamento
Controle o sangramento.
Remova possíveis fragmentos de dentes.
Lave a ferida com água doce.
Mantenha a ferida sem curativo oclusivo.
Em caso de infecção, procure auxílio médico.

LESÃO POR CORAL
Dor local, sangramento, eritema (vermelhidão na pele) e edema (inchaço).
Tratamento
Controle a hemorragia.
Lave a ferida com água doce e sabão neutro e irrigue com água doce.
Aplique água oxigenada e reaplique água doce.
Não coloque curativo oclusivo.
Caso apareça sinais de infecção, procure auxílio médico.

IRRITAÇÃO POR CORAL DE FOGO
Dor local, edema (inchaço), eritema (vermelhidão na pele).
Tratamento
Lave a pele com água do mar.
Aplique ácido acético a 5% (vinagre).
Coloque compressa gelada caso não haja ferida cutânea.
Não use gelo ou irrigue a pele com água doce.
Não esfregue a área lesada.
Aparecendo sinais de infecção, procure auxílio médico.

QUEIMADURA POR ÁGUA VIVA
Dor local, edema (inchaço), eritema (vermelhidão na pele).
Casos graves: insuficiência respiratória e choque.
Tratamento
Exame primário - ABC da vida.
Irrigue a pele com água do mar.
Aplique ácido acético 5% (vinagre).
Remova fragmentos dos tentáculos com pinça (proteja as suas mãos).
Aplique compressa de água do mar morna.
Não irrigue a queimadura com água doce, com exceção dos olhos.
Não aplique gelo ou esfregue a área afetada.
Casos graves procure auxílio médico.

LESÃO POR OURIÇO DO MAR
Dor local, edema, eritema.
Fragmentos de espinhos no local.
Tratamento
Irrigue a ferida com água morna (45º C) por 30 a 90 minutos.
Remova fragmentos dos espinhos.
Lave o local lesado com água doce e sabão neutro.
Deixe a lesão sem curativo oclusivo.
Não retire fragmentos de espinhos próximos a articulações ou nervos.
Ao sinal de infecção, procure auxílio médico.

LESÃO POR MANGANGÁ (PEIXE PEDRA)

Dor intensa no local da lesão, edema importante, paralisia local.
Casos graves podem evoluir com insuficiência respiratória e choque.
Tratamento
Exame primário - ABC da vida.
Imergir a área lesada em água morna (45º) por 30 a 90 minutos.
Remova fragmentos de espinhos com pinça.
Lave a área com água doce e sabão neutro.
Não oclua a ferida.
Procure auxílio médico.

LESÃO POR ARRAIA

Dor imediata e severa, edema, eritema.
Alguns casos podem evoluir com choque.
Tratamento
Lave a área com água doce.
Imergir a ferida em água morna (45º C), por 30 a 90 minutos.
Remova fragmentos do ferrão.
Lave com água doce e sabão neutro.
Deixe a ferida aberta.
Procure auxílio médico em caso de infecção.