http://jornalhoje.globo.com/JHoje/0,19125,VJS0-3076-20040930-62914,00.html
 
Quinta-Feira , 30 de Setembro de 2004
Vem tudo pra cá
   
 
   
Lixo dos quatro cantos do mundo nas areias de uma praia quase deserta, no litoral da Bahia. Como isso é possível? Atrás da resposta, um fotógrafo fez uma descoberta incrível. O mistério do lixo estrangeiro foi esclarecido e, agora, toda essa sucata que polui o nosso litoral será devolvida aos países de origem. A reportagem é de Giácomo Mancini.

As praias são praticamente desertas. Só alguns poucos turistas aparecem. Mas na areia há lixo por todo lado. Intrigado, o fotógrafo baiano Fabiano Barreto começou a estudar a origem de tanta poluição. “O lixo que é descartado há mil quilômetros vem parar aqui na Costa dos Coqueiros”, afirma.

Nos últimos três anos Fabiano já recolheu mais de 2.000 embalagens. Depois de catalogar tudo, ele descobriu que as embalagens foram produzidas em 69 países.

E como tudo isso veio parar aqui? “O oceano atlântico sul possui uma circulação de larga escala, então se algum objeto é jogado na costa da África, ele viria através da corrente e daí atingiria as regiões da plataforma ao longa do estado da Bahia”, explica Mauro Sirano, pesquisador.

Foi essa mesma corrente que trouxe as caravelas de Pedro Álvares Cabral e que ajudou o navegador Amyr Klink a fazer a primeira travessia do Atlântico a remo da África até a Praia da Espera, a 70 quilômetros de Salvador.

Resumindo: boa parte do lixo que os navio de todo mundo despejam no Atlântico vem parar na Bahia. Estados Unidos, Itália e Argentina são os maiores produtores deste lixo.

Indignado, Fabiano criou uma organização não-governamental, a Global Garbage, para combater esta poluição. Agora, a entidade está devolvendo o lixo às embaixadas e consulados dos países de origem.

No vice-consulado da Itália em Salvador Fabiano entregou mais de 50 embalagens. O vice-cônsul disse que vai encaminhar tudo ao governo da Itália para que os navios evitem sujar o oceano.

O lixo sólido é o que mais aparece, mas o que mais preocupa são materiais tóxicos que se misturam ao mar. As correntes que arrastam a poluição também trazem as tartarugas marinhas, que todo o ano vão às praias para desovar. A costa dos coqueiros é um dos maiores berçários dessa espécie todo mundo. Um paraíso que merece ser preservado.

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Vem tudo pra cá
 
Lixo dos quatro cantos do mundo nas areias de uma praia quase deserta, no litoral da Bahia. Como isso é possível? Atrás da resposta, um fotógrafo fez uma descoberta incrível. O mistério do lixo estrangeiro foi esclarecido e, agora, toda essa sucata que polui o nosso litoral será devolvida aos países de origem. A reportagem é de Giácomo Mancini.

As praias são praticamente desertas. Só alguns poucos turistas aparecem. Mas na areia há lixo por todo lado. Intrigado, o fotógrafo baiano Fabiano Barreto começou a estudar a origem de tanta poluição. “O lixo que é descartado há mil quilômetros vem parar aqui na Costa dos Coqueiros”, afirma.

Nos últimos três anos Fabiano já recolheu mais de 2.000 embalagens. Depois de catalogar tudo, ele descobriu que as embalagens foram produzidas em 69 países.

E como tudo isso veio parar aqui? “O oceano atlântico sul possui uma circulação de larga escala, então se algum objeto é jogado na costa da África, ele viria através da corrente e daí atingiria as regiões da plataforma ao longa do estado da Bahia”, explica Mauro Sirano, pesquisador.

Foi essa mesma corrente que trouxe as caravelas de Pedro Álvares Cabral e que ajudou o navegador Amyr Klink a fazer a primeira travessia do Atlântico a remo da África até a Praia da Espera, a 70 quilômetros de Salvador.

Resumindo: boa parte do lixo que os navio de todo mundo despejam no Atlântico vem parar na Bahia. Estados Unidos, Itália e Argentina são os maiores produtores deste lixo.

Indignado, Fabiano criou uma organização não-governamental, a Global Garbage, para combater esta poluição. Agora, a entidade está devolvendo o lixo às embaixadas e consulados dos países de origem.

No vice-consulado da Itália em Salvador Fabiano entregou mais de 50 embalagens. O vice-cônsul disse que vai encaminhar tudo ao governo da Itália para que os navios evitem sujar o oceano.

O lixo sólido é o que mais aparece, mas o que mais preocupa são materiais tóxicos que se misturam ao mar. As correntes que arrastam a poluição também trazem as tartarugas marinhas, que todo o ano vão às praias para desovar. A costa dos coqueiros é um dos maiores berçários dessa espécie todo mundo. Um paraíso que merece ser preservado.