TETRAPLEGIA – UMA TRAGÉDIA QUE PODE SER EVITADA!
Aproveitávamos quando a onda vinha e elevava o nível da piscina e nos
atirávamos de cabeça. Não era muito alto, mas lembro-me de ter me ralado
algumas vezes no marisco. Eu tinha apenas 12 anos, foi em 1970, aconteceu
um episódio que a todos impressionou, e ficou marcado em minha memória.
Estávamos surfando quando rolou o maior tumulto no local. Era um garoto
“não local” que havia mergulho e batido com a cabeça no fundo de mariscos.
Estava acordado e perguntava “porque não conseguia se mexer?” Na época só
ficamos sabendo que o rapaz provavelmente jamais mexeria os braços e as
pernas outra vez. Embora houvesse o “zum zum zum” de que só aconteceu
porque era um “Haole”, todos nos colocamos em seu lugar, e apesar do
“feeling” de sermos super-homens, o trampolim ficou bem vazio por um
tempo. Anos mais tarde (muitos anos na verdade...), já trabalhando no
Hospital Miguel Couto como médico, é que vim a atender vários casos de
mergulho em água rasa com o conseqüente Traumatismo Raqui-Medular (TRM).
Naquele momento foi quando a consciência bateu perfeitamente e aquela
sensação de invulnerabilidade passa a realidade de seres humanos vencíveis
e frágeis que imagina quanto desespero passa pela cabeça destas pessoas ao
“sentir que nunca mais sentirá parte de seu corpo” e aí deve rolar aquela
vontade de morrer...
TRM é o trauma da coluna e da medula podendo desligar totalmente as
conexões de mensagens do cérebro para os membros. É claro que a coluna
cervical é a mais vulnerável e também a mais grave, e se quando ocorre,
fica tudo paralisado do pescoço para baixo.
Pois é, esta e outras histórias de TRM (a do Super Homem, por exemplo)
fazem a gente pensar que MERGULHO EM ÁGUA RASA É SUICÍDIO. Tem gente
pulando de ponte, de pedras, e de outros locais, onde o desafio da morte
pode não ficar só no desafio.
Quando devemos pensar em TRM - Afogamento em local raso; vítima com trauma
(acidente de barco, aeroplanos, prancha, moto-aquática e outros);
Mergulhos de altura na água (trampolim, cachoeira, pier, pontes e outros);
Mergulho em água rasa (cambalhotas na beira da água); Surf de prancha ou
de peito; Queda em pé (desembarque de barco em água escura); Esportes
radicais na água; Iatismo (trauma com o mastro); Brigas ou brincadeiras
violentas dentro da água.
O que fazer ? |