LIMPEZA DAS PRAIAS – Você colabora?

 

Dr David Szpilman
 

A cada verão, um mar de dúvidas invade as praias Brasileiras e atormenta principalmente as cariocas: os métodos de avaliação da qualidade da água usados pelo estado e pela prefeitura, importados dos Estados Unidos, podem não ser tão seguros quanto se pensa para lugares como o Rio, onde o esgoto é lançado com pouco ou nenhum tratamento no mar, em rios e lagoas. A responsabilidade e participação são de todos. Veja a praia, por exemplo, após um domingo de sol, mais parece que um caminhão de lixo despejou o seu conteúdo de todo dia de coleta ali. Dá vergonha de ser brasileiro! E olha que a Comlurb no Rio de Janeiro faz um trabalho de primeiro mundo, mas o que fazer se nós permanecemos com comportamento de terceiro?
O uso de indicadores como os coliformes fecais são questionados por especialistas americanos e pela Agência de Proteção ao Meio Ambiente (EPA) dos Estados Unidos. Para a EPA, que implementa a política ambiental dos Estados Unidos, o método mais seguro para monitorar as praias é o que usa como indicador a bactéria enterococos, que se relaciona com mais especificidade ao aparecimento de doenças e como é feita na Califórnia e no Havaí. No Rio, segundo a Comissão de Meio Ambiente da Assembléia Legislativa, 85% do esgoto são jogados “in natura” em praias, rios e lagoas. A EPA aconselha a monitorar os ambientes aquáticos através do enterococos e as razões são: O enterococos vive mais tempo que os coliformes fecais. O clima tropical favorece a maior multiplicação de bactérias, devendo os padrões brasileiros ter maior rigor que os aplicados nos EUA. É preciso ter e seguir uma padronização mundial, pois esta medida incentiva à segurança dos moradores e dos turistas ao planejar suas viagens. Outros recomendam a monitoração pela biologia molecular, pois esta poderia se correlacionar com os vírus e a maioria das bactérias, fungos, protozoários ou vermes intestinais.
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS) estudos demonstraram que as gastrenterites são as doenças mais comuns relacionadas a águas — tanto marinhas quanto fluviais — poluídas por esgoto. Mas doenças respiratórias e infecções de ouvidos e olhos estão relacionadas ao mar poluído. Sem estudos epidemiológicos, o monitoramento da qualidade da água torna-se incompleto e um obstáculo para isso é o custo. Um estudo desse tipo chega a custar US$ 1 milhão, e são de difícil execução, por exigirem a distinção entre a incidência de doenças associadas ao banho de mar e o índice geral das mesmas moléstias. No Rio de Janeiro, foram registrados no ano de 1999 cerca de 60 mil casos de diarréia e 2.700 de hepatite A, doenças veiculadas pela água. Segunda a Feema e Secretaria Municipal de Meio Ambiente uma praia só pode ser considerada própria para o banho quando 80% das amostras apresentarem no máximo mil coliformes fecais, ou 800 Escherichia coli, ou cem enterococos por cem mililitros. Apesar de a legislação prever a contagem de enterococos, o método do coliforme fecal é tradicional, mais fácil e mais barato de ser realizado nos 40 pontos que a Feema faz coleta diariamente no verão. Todo esta confusão e debate na área realçam a necessidade de se buscar uma relação entre qualidade de água das praias e saúde dos banhistas, algo nunca feito no Brasil ou no Rio de Janeiro. A medida dos Coliformes fecais ou enterococos ou outro método é só um perfil que indica a presença de esgoto na água. Mas que doenças existem? Ainda não esta inteiramente estabelecida.
A areia como a água poluída pode além das doenças provocar acidentes. Os restos de comidas e embalagens, e apetrechos utilizados na praia, bem como os dejetos de pessoas e animais são usualmente o que causam problemas para o banhista. Basicamente dois tipos de situações podem ocorrer com a sujeira deixada nas areias ou relacionado ao uso intenso das praias:
Acidentes na areia
• Lesão corporal cortante ou por perfuração: espetos, anzóis, garfos, latas, vidros, restos de cadeiras, e outros.
• Trauma de extremidades causado por buracos na areia.
• Lesão cortante por linha de pipa ou vara de pescar.
• Acidentes por mordedura de animais – cães na praia são proibidos!
• Queda de asa delta, para-motor, para-quedas, com trauma de banhistas.
• Atropelamento por bicicleta, skate, e outros.
• Trauma por objetos que voam com o vento, como guarda-sol, e outros.
• Queimadura de pés em dias quentes, principalmente em crianças.
Doenças por areia insalubre:
• Micoses – fezes de cães e outros animais.
• Larva Migrans – Fezes de cães.
• Conjuntivite – fezes de cães
• Verminoses intestinais (strongiloides ou ancilóstoma) – fezes de cães
• Psitacose – fezes de pombo
• Piolho – pombo
Toda e qualquer medida de limpeza jamais se igualará ao processo de educação que evita sujar as praias. Ajude a preservar o nosso mais lindo e democrático dos lazeres, nossas praias!